Monday, February 23, 2009

Shalom, Ida Gomes!

“RIO - Com 85 (sic) anos de idade e 65 de carreira, Ida Gomes morreu domingo, às 19h, em consequência de uma pneumonia, no Hospital Samaritano. Apesar de já estar doente, ela não deixou de ensaiar nas últimas três semanas. Além disso, estava preparando a peça "Idas e vindas", que estava sendo escrita para ela. Ela deixa um irmão e quatro sobrinhos. Ida Gomes será sepultada segunda-feira no cemitério israelita de Vilar dos Teles.” O GLOBO

Além de um irmão e quatro sobrinhos, Ida deixa muitos amigos, lembranças indeléveis dos seus inumeros trabalhos no teatro e na televisão, milhões de fans, e os colegas que tiveram o privilégio de contracenar com a grande atriz. Eu fui um deles.

Ida foi uma destas poucas pessoas de quem eu jamais ouví “falar mal”, coisa infelizmente rara no nosso universo de trabalho. Era uma presença poderosa e positiva. Mulher culta, poliglota.
Até Betty Davis teria sentido-se honrada por ter sido dublada por ela nos seus melhores filmes mostrados na televisão.

Um dia, eu tinha 12 anos, fui fazer um teste na Tv Tupi para um papel num teleteatro. O diretor, Mauricio Sherman, me levou para uma sala e me deixou lá sózinho lendo o script da peça. Depois, o Sherman voltou para a sala trazendo a Ida Gomes. Foi uma emoção muito grande. Me sentí valorizado. Eu já tinha assistido a Ida em muitos programas, sempre fazendo personagens fortes. Lemos o texto juntos, ela era a mãe cleptomaníaca e eu o filho cujo pai queria proibir o reencontro com a mãe. Não tenho como ter uma visão crítica e distanciada daquele distante momento. Mas lembro que foi fácil e muito prazeiroso. Ganhei o papel no Teatro das Nove e Meia. Foi quando começou tudo que sou.

Nosso último encontro foi no Rio, na minha festa de aniversário de 60 anos. Uma grande festa onde reví pessoas importantes e queridas dos muitos microcosmos do meu Universo. Ida estava lá. Alegre, querida por mim e por todos.



Aparecem nestas fotos além de Ida e eu, Maria Pompeu, Aracy Cardoso, Reginaldo Faria, Fernando Reski, e Luis Carlos Buruca. Pompeu, Aracy e Ida foram minhas mães teatrais.


Que bela vida ela viveu.

Trabalhamos em cinema em 1969, no filme "A Penúltima Donzela" de Fernando Amaral, e irônicamente, a primeira atriz com quem contracenei, estava também entre as atrizes na última vez que trabalhei como ator na tv, muito antes de qualquer touchdown...


Do widzenia, Ida!

Monday, February 2, 2009

Espírito esportivo e disciplina ajudam.


Eu estava bastante surpreso com o nome Arizona ligado a Super Bowl em situação outra que como estado anfitrião do evento. O Cardinals conseguindo aparecer no Super Bowl não seria o palpite de nenhuma pessoa que acompanha a NFL profissionalmente quando começou a última temporada. Mas depois de assistir o desempenho do time contra o Philadelphia Eagles no Campeonato da NFC eu fiquei bastante preparado para uma possivel vitória sobre o superior Pittsburgh Steelers.

Eu escolho não torcer por nenhum dos dois times, não aposto, e reluto em fazer previsões. Gosto mais de assistir o jogo me sentindo isento e observador. Ainda mais neste Super Bowl disputado no mesmo estádio em que narrei o Super Bowl XXXV, tendo de um lado um time comandado pelo Kurt Warner cuja bela vitória contra o Tennesse Titans no Super Bowl XXXIV eu narrei no Georgia Dome em 2000, e o outro pelo simpático Ben Roethlisberger que entrevistei em Detroit, durante a semana de cobertura do Super Bowl XL. É engraçado quando você já teve um contato pessoal com os caras. Cria uma simpatia e fica mais difícil torcer contra.

Eu já disse que costumo torcer para que o time que jogar melhor e merecer mais sair vencedor. Mas confesso que ontem, antes do jogo, eu estava torcendo pelo Arizona Cardinals. E isto por duas razões. A primeira porque acho que seria uma boa história, seria bom para o esporte. E a segunda pelo Kurt Warner. Eu admiro quando alguém que esteve por cima cai, e consegue subir de novo pelos seus próprios méritos. Isto já me aconteceu na vida e espero que aconteça de novo pois a sensação é muito boa. E foi isto que aconteceu com o Kurt Warner nestes últimos anos.

Mas com o andamento do jogo estes meus sentimentos pessoais foram para o segundo plano. O Pittsburgh Steelers estava jogando muito melhor e merecendo vencer. O esforço do Cardinals foi incrível para tentar reencontrar o seu melhor jogo. Não vou comentar detalhes do jogo aqui porque isto pode ser lido em centenas de sites e blogs.

Mas com momentos como o retorno de interceptaçao para touchdown de 100 jardas de James Harrison, os dois touchdowns de Larry Fitzgerald, marcadíssimo, quando teve a chance, e a atlética e quase mágica recepção de TD de Santonio Holmes, acordei (com grande déficit de sono) pensando nas 106 jardas com as quais o Cardinals presenteiou o Steelers através de 11 faltas. A maioria delas não sendo false starts ou offsides por falta de concentração, mas um coquetel de movimentos anti-éticos como Chop Block, Roughing the Passer, Unnecessary Roughness, Face Mask, além de Holdings caros. Então, só quero deixar uma pergunta no ar: Como teria sido o jogo se a equipe do Cardinals tivesse tido mais disciplina?

E este tema é muito bom para os times brasileiros discutirem entre si.

P.S.: Parabéns para o primeiro Hexacampeão do Super Bowl, o Pittsburgh Steelers, e para a sua torcida. E alô, Dallas Cowboys e San Francisco 49ers... quantos anos vai durar este recorde?